O mercado de seguro rural cresce no país, mas ainda é preciso elevar os investimentos em políticas agrícolas para chegar perto do nível de outros países.
O seguro rural no Brasil tem muito espaço para crescer, se comparamos às políticas agrícolas dos Estados Unidos, países europeus e China. Porém, essa medida é fundamental para a modernização tecnológica da agricultura do país e para a mitigação de perdas nas lavouras.
Historicamente, a agricultura é uma atividade de elevado risco e incerteza. As instabilidades climáticas, ameaças sanitárias e competitividade no mercado mundial são alguns fatores que podem interferir no sucesso dos produtores brasileiros. Por isso, o incentivo ao seguro rural faz a diferença para o crescimento do setor no país.
Neste artigo, vamos explicar o cenário do seguro rural no Brasil e apresentar exemplos mundiais que podem nos ajudar a avançar ainda mais. Continue a leitura!
Os desafios e avanços do seguro rural no Brasil
Apesar da importância para a proteção da atividade agrícola, a contratação do seguro rural ainda tem muito espaço para crescimento no Brasil. Ao mesmo tempo, somos conhecidos como o celeiro do mundo, tendo grande importância na produção de alimentos e uma participação que vai crescer ainda mais.
Mas o que explica a pouca adesão aos seguros? Alguns fatores, como a necessidade de melhora nas taxas de produtividade, a ampliação de capital político e econômico e aprimoramento da governança institucional são facilitadores para a criação de políticas agrícolas mais sólidas.
Além disso, a cultura do seguro precisa ser mais difundida entre os produtores para mitigar perdas na lavoura. Assim, há a necessidade de uma mudança de mentalidade: primeiro, contratar o seguro e, depois, iniciar o plantio.
Estatísticas do ramo de seguro rural no Brasil
Entretanto, nos últimos anos, o ramo do seguro rural está avançando em território nacional. Uma vez que o agronegócio responde por mais de 20% do PIB brasileiro, torna-se necessário pensar em medidas para protegê-lo.
O Ministério da Agricultura e Pecuária divulgou que, em 2020, as seguradoras pagaram um valor próximo de R$ 2,5 bilhões em sinistros. A maior parte desse valor se refere a indenizações a perdas nas lavouras de soja e milho em Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul.
A Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) também reforça a expansão desse mercado, afirmando que entre 2018 e 2020, a área total segurada cresceu mais de 190%. Ademais, as culturas cobertas subiram de 30 para 62 no mesmo período.
Nos últimos anos, os investimentos nos subsídios ao seguro rural têm crescido no Brasil, dobrando o mercado de tamanho entre os anos de 2019 e 2020. Para que isso acontecesse, a Subvenção Federal foi essencial para popularizar o seguro rural enquanto ferramenta de mitigação de risco ao produtor rural.
Em 2021, surgiu o incentivo ao seguro paramétrico, que leva em conta parâmetros relacionados à produtividade:
- biomassa;
- chuva excessiva;
- seca;
- umidade do solo, entre outros.
Nesse caso, se o índice paramétrico for alcançado ou excedido, o produtor pode acionar a cobertura. O resultado disso é um modelo em que o governo para de priorizar o subsídio ao crédito para garantir a renda do produtor, reduzindo custos de logística e burocracia.
Dessa forma, o Estado compartilha a responsabilidade com a iniciativa privada nas renegociações de dívidas. Portanto, o setor agrícola se torna menos vulnerável aos riscos do negócio, com melhores condições de financiamento no mercado.
Exemplos de seguro rural ao redor do mundo
Países da Europa, assim como Estados Unidos e China, estão muito à frente quando o assunto é seguro rural. Por isso, vamos apresentar alguns modelos que fazem sucesso nesses lugares.
Os Estados Unidos possuem um programa de seguro rural com foco no seguro de renda. Com base nas diretrizes da Lei Agrícola, chamada de Farm Bill, buscam estabilizar a receita do produtor, gerando a combinação de cobertura de preço e produtividade.
A China está atrás apenas dos Estados Unidos no mercado de seguro agrícola. Isso se explica pelo grande risco climático do país, onde os programas dão a devida atenção a esse perigo. As seguradoras chinesas buscam proteger os agricultores contra mudanças climáticas, para que eles saibam lidar com os padrões instáveis do clima.
Outro exemplo é o da Espanha, cujo sistema mescla financiamento pelo governo federal, entidades privadas e União Europeia. Sendo assim, os agricultores podem conseguir a cobertura por intermédio das associações de produtores.
Há várias características dos modelos de sucessos que poderiam ser implementadas no Brasil. Uma delas é a parceria entre setor público, empresas e produtor, visando a maturidade do sistema. O bom relacionamento entre os três pilares é essencial para a coleta de dados que auxiliem no desenvolvimento dos programas.
Além disso, todos os cases de sucesso contam com a participação do governo, pagando parte do prêmio. Com isso, as áreas seguradas aumentam para que o prêmio do seguro seja acessível ao produtor.
Por fim, é necessário incentivar a cultura do seguro no produtor brasileiro, para que o setor entenda que não se trata de um gasto, mas de um investimento.
Fonte: Sombrero