A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pediu ao Ministério da Agricultura para antecipar, de agosto para abril, a execução dos contratos de opção de venda de arroz lançados no fim do ano passado. A intenção é adquirir até 91 mil toneladas do cereal, negociadas a valores 20% acima do preço mínimo, e abastecer estoques públicos hoje zerados. Se todo o volume for comprado, a estatal deve aplicar R$ 162,2 milhões nas operações.
O pedido foi feito por conta da baixa na cotação do arroz no mercado interno, disse o ministro Carlos Fávaro, em audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado Federal nesta quarta-feira (19/3).
“A execução é para agosto de 2025, mas hoje a Conab pediu para antecipar essa opção aos produtores que estão colhendo arroz agora e o preço que o governo lançou, com 20% acima do custo de produção, já é atrativo. [A medida] é para poder exercer imediatamente [a opção de venda] e esse produto vai para estoque do governo para atender em momento de escassez”, disse Fávaro.
Os contratos de opções de venda são uma modalidade de seguro de preços que dá ao produtor rural o direito de vender seu produto para o governo, em uma data futura, a um preço previamente fixado. Neste modelo de contrato, não há a obrigação de venda. Cabe ao produtor decidir se irá vender para o mercado ou para o governo, de acordo com o que for mais rentável no momento.
A ferramenta é lançada quando o mercado está abaixo ou com tendência a alcançar valor menor que o preço mínimo, e o governo tem interesse de sinalizar preço futuro para o mercado. A produção eventualmente adquirida é direcionada para a formação de estoques públicos.
Para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o preço mínio da saca de 50 quilos na safra 2024/25 é de R$ 63,64. A cotação desta quarta-feira (19/3) encerrou em R$ 80,54, segundo o Cepea. No mês, o cereal acumula queda de 10,4%. Para os dois Estados, o preço garantido pela Conab foi de R$ 87,62 por saca.
Em dezembro de 2024, a Conab negociou R$ 162,2 milhões em mais de 2 mil contratos de opção de arroz. Os papéis somam 91,7 mil toneladas de arroz negociados em três rodadas de leilões. A expectativa inicial, no entanto, era negociar até 500 mil toneladas do cereal. O orçamento total reservado para essa medida foi de quase R$ 1 bilhão.
Estoques reguladores
O ministro Carlos Fávaro também voltou a defender a formação de estoques reguladores de alimentos e disse que o mercado não controla sozinho a produção de alimentos.
“Estoque regulador é fundamental. Não dá para deixar para a livre iniciativa, para mercado só regular a produção de alimentos, que é tão estratégico e de soberania nacional”, disse na audiência. “É importante a presença do Estado”, completou.
Segundo Fávaro, a formação de estoques “não está na velocidade que o governo quer”, pois os preços da maioria dos produtos estão em alta. “No ano passado, tentamos comprar estoque de arroz e não deu certo. Em tempos de escassez, se o governo tenta comprar, é um grande player a mais comprando e puxa preços ainda mais pra cima. Deve ser na hora certa”, concluiu.
Fonte: Globo Rural