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domingo, junho 15, 2025
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Galapagos prepara emissão de letra de risco de seguro

Com nove operações no “pipeline”, a Galapagos Capital planeja emitir ainda no primeiro trimestre do ano as primeiras letras de risco de seguro (LRS). Esse título foi criado para auxiliar na transferência de riscos subscritos pelas seguradoras e resseguradoras para o mercado de capitais. Os instrumentos são vinculados a uma carteira de apólices e a remuneração dos investidores é atrelada a fatores de risco.

“É uma estrutura que vai revolucionar o mercado de seguros”, diz Roberto Takatsu, sócio da Galapagos. “As operações que estamos trabalhando estão em estágios diferentes, algumas mais avançadas e outras ainda no início, mas já notamos que a demanda está bem forte”. Segundo ele, a expectativa é alcançar até R$ 3 bilhões em emissões nos próximos dois anos.

A LRS foi criada pelo marco da securitização e regulamentada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) em 2022, mas, até agora, nenhum título desse tipo foi emitido.

A Galapagos recebeu no fim de dezembro a autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para operar como Sociedade Seguradora de Propósito Específico (SSPE). Além dela, apenas o IRB (Re) têm essa autorização até o momento.

A função de uma SSPE é agir como um veículo que recebe prêmios de seguros e emite títulos relacionados aos riscos. Ela funciona como uma securitizadora, intermediando a seguradora e o mercado financeiro.

O modelo das LRS é inspirado nos Insurance Linked Securities (ILS), que têm um mercado consolidado mundo afora, de mais de US$ 150 bilhões, e incluem os chamados títulos de catástrofe (“cat bonds”, na sigla em inglês).

O ILS, assim como a LRS, funciona como um título de renda fixa. O retorno do investidor, no entanto, depende da ocorrência de eventos protegidos pelo contrato que garantem o papel, como um furacão. Em caso de sinistro, o retorno final poderá ser reduzido ou eliminado, dependendo dos termos da emissão.

Do ponto de vista do setor securitário, a LRS deve ajudar a lidar com o desafio da redução da capacidade, sobretudo das resseguradoras estrangeiras. A capacidade é o limite financeiro que uma seguradora ou resseguradora pode assumir em termos de riscos para determinada carteira ou segmento.

As seguradoras repassam parte dos riscos de sinistro às resseguradoras, que podem também diluir esse risco com outras resseguradoras, através da retrocessão. O apetite das resseguradoras, no entanto, variam conforme as condições econômicas e de mercado. Com a LRS, investidores do mercado de capitais entram no jogo e passam também a absorver parte dos riscos.

Segundo Takatsu, as operações que mais têm aparecido na Galapagos são de garantia financeira. As primeiras a serem lançadas, diz ele, devem ser desse tipo. “São operações mais próximas do universo dos investidores, que sabem analisar crédito. Será um pouco mais simples de explicar a eles”, afirma.

“Em um segundo momento, queremos colocar carteiras de outros ramos, como veículos e vida. Essa LRS eu acho que pode demorar um pouquinho mais, entendendo que é preciso explicar para os investidores como precificar automóvel, como precificar vida. São operações que vamos colocar algumas no mercado até o pessoal pegar confiança”, disse.

O sócio da Galapagos acredita que também haverá demanda para títulos atrelados aos seguros para o agronegócio e para catástrofes, cobertas geralmente pela linha de grandes riscos.

“São dois mercados que hoje não têm tanta capacidade, sobretudo após as enchentes no Rio Grande do Sul”, explica. “Vejo como caminho até mesmo tentar uma parceria com o governo para que ele também seja investidor e viabilize apólices.”

Takatsu entrou na Galapagos em 2022 para estruturar a área de seguros. Antes disso, atuou como diretor de planejamento financeiro na seguradora HDI e na Tokio Marine.

Fonte: Valor Econômico

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