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quarta-feira, dezembro 11, 2024
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Governança Responsável e Manejo Sustentável são a chave para a Recuperação do Agro

O agronegócio brasileiro, uma das forças motrizes da economia nacional, atravessa uma fase de desafios inéditos. A combinação entre dificuldades de acesso ao crédito, taxas de juros elevadas e mudanças climáticas intensificou a vulnerabilidade do setor. A recente divulgação do prejuízo milionário da Lavoro, uma das maiores empresas de insumos agrícolas do país, é um sinal claro das dificuldades que afetam toda a cadeia produtiva. Em meio a essa crise, o ex-diretor de Gestão de Risco, Jonatas Pulquério, traz uma perspectiva fundamentada e estratégica: a recuperação do agronegócio passa necessariamente por uma governança responsável e um manejo sustentável.

Jônatas Pulquério – Ex Diretor de Gestão de Risco do Mapa

Pulquério ressalta que a base do agronegócio, o produtor, está sob intensa pressão. “O produtor enfrenta dificuldades para acessar crédito e, quando consegue, o custo é alto. Esse cenário, somado às mudanças climáticas, expõe o setor a riscos elevados,” comenta. Em meio a esse cenário desafiador, a recomendação de Pulquério é clara: o agronegócio brasileiro precisa se reestruturar para adotar uma governança que seja tanto cautelosa quanto proativa.

A governança responsável significa implementar práticas que vão além da simples gestão de recursos financeiros. Ela envolve um planejamento de longo prazo, que garanta ao produtor a capacidade de resistir às adversidades. Um dos pilares desse modelo é a gestão de riscos — área em que Pulquério destaca que o setor ainda tem espaço para aprimoramentos. Estratégias de mitigação de riscos, como a diversificação de culturas e a integração de tecnologias de precisão, podem reduzir a dependência de fatores climáticos imprevisíveis e melhorar a eficiência na utilização de insumos.

A Crise de Crédito e o Custo da Sustentabilidade

Outro ponto crítico para a recuperação do setor está no crédito, que é o combustível que movimenta o agronegócio. Com a atual situação econômica, muitos produtores têm enfrentado dificuldades para financiar suas operações, o que limita o capital de giro e freia investimentos essenciais. “O crédito inacessível impede que o produtor tenha a liquidez necessária para superar períodos difíceis. Isso prejudica toda a cadeia de produção e reduz a sustentabilidade do negócio,” alerta Pulquério.

Além disso, o custo da sustentabilidade não pode ser ignorado. A adoção de práticas de manejo sustentável exige investimentos que, sem linhas de crédito favoráveis, tornam-se inviáveis para muitos produtores. O uso de tecnologias, como a agricultura de precisão, pode ajudar a minimizar desperdícios e otimizar recursos, mas requer suporte financeiro. Pulquério aponta que, sem o apoio adequado, o setor corre o risco de entrar em um ciclo de ineficiência e estagnação.

Políticas Públicas e a Sustentabilidade do Setor

A recuperação do agronegócio brasileiro não será possível sem um suporte público robusto. Pulquério enfatiza que políticas públicas voltadas ao financiamento e à modernização das práticas agrícolas são essenciais para reduzir os impactos das adversidades econômicas e climáticas. Medidas que promovam o crédito a juros acessíveis e o incentivo ao uso de tecnologias sustentáveis serão fundamentais para manter a competitividade do setor no cenário global.

A proposta de uma governança responsável também depende de uma articulação entre o setor público e privado para estabelecer um ambiente de confiança e estabilidade. Programas de subvenção e linhas de crédito específicas podem auxiliar os pequenos e médios produtores a implementar práticas de manejo sustentável, garantindo que o agronegócio brasileiro permaneça competitivo e resiliente frente aos desafios globais.

Manejo Sustentável: Um Investimento Necessário para o Futuro

Para Pulquério, a sustentabilidade não é um luxo, mas uma necessidade para o futuro do agro. Práticas de manejo sustentável, como o uso racional de água, a recuperação de solos e a diversificação de culturas, não apenas ajudam a proteger o meio ambiente, mas também fortalecem a resiliência dos sistemas de produção. “Investir em sustentabilidade é investir em segurança e competitividade,” defende.

O manejo sustentável oferece ao produtor uma perspectiva de longo prazo, reduzindo a dependência de insumos externos e contribuindo para a saúde dos ecossistemas onde o agronegócio se insere. Em um cenário de mudanças climáticas, a adoção dessas práticas garante que o setor esteja preparado para enfrentar os desafios que virão, minimizando os impactos ambientais e sociais.

A Governança como Pilar de Resiliência

A visão de Pulquério sobre a governança vai além de uma simples resposta à crise atual. Ele propõe um modelo que incorpore responsabilidade e estratégia, buscando não apenas enfrentar a crise de curto prazo, mas construir um agronegócio mais resiliente. Com governança responsável e manejo sustentável, o setor terá mais capacidade de resistir às flutuações do mercado e às incertezas climáticas, garantindo segurança e estabilidade a longo prazo.

A mensagem de Pulquério é clara: o agronegócio brasileiro precisa se adaptar para sobreviver. A governança responsável e o manejo sustentável são mais do que soluções para a crise atual — são as bases para uma recuperação sólida e uma prosperidade duradoura no campo.

Da Redação

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