A tecnologia e a inovação são fundamentais para se obter um diferencial numa atividade. É assim, no setor canavieiro, que a cada safra exige novidades que combinem aumento de produtividade com qualidade. Quando isso acontece, a viabilidade econômica fica evidenciada e o resultado aparece na conta do produtor.
A tecnologia de irrigação por gotejamento é uma inovação tecnológica na produção de cana-de-açúcar. É o que se viu no dia 04 desse mês de julho, na Fazenda Irmãos Garcia, em Campo Novo do Parecis, no Chapadão, um polo canavieiro de Mato Grosso.
A inovação foi apresentada pela equipe técnica da Netafim. Ao investir em irrigação, a propriedade busca potencializar a produção, produzir mais por hectare e, com isso, atender a cota de fornecimento que a fazenda tem com a usina parceira. Outra meta é liberar mais área para outras culturas.
Aumento de produtividade
Na Fazenda Irmãos Garcia, um projeto de irrigação em 420 hectares demonstrou que é possível se chegar a um aumento de 90% na produtividade da cana-de-açúcar, a partir de uma combinação exitosa de água e nutrição.
Esse processo, que inclui a fertirrigação, leva a um ganho de produtividade mais que expressivo. “Chegamos a uma produtividade média superior a 180 toneladas por hectare nesta área, o que é uma produtividade inédita para uma região que produz, em média, 94 toneladas por hectare”, observa o engenheiro agrônomo Daniel Pedroso, especialista da Netafim, empresa que produz o gotejador Drip Net.
Tecnologia
A área de 420 hectares com o projeto de irrigação por gotejamento tem a variedade RB 92 579. Os gotejadores DripNet PC AS foram enterrados a aproximadamente 35 centímetros de profundidade, ao lado das linhas de plantio, com vazão de 1 l/h e espaçados a meio metro entre si.
Os emissores DNPC AS possuem duas características fundamentais para o alto rendimento de produção. Primeiro, por serem autocompensados (mantém a vazão mesmo com variações de pressão) e, segundo, pela tecnologia anti-sifão (permite que os gotejadores sejam enterrados sem obstrução pelo solo). “Isso garante uma eficiência de pelo menos 98% na aplicação de água e fertilizantes para as plantas”, destaca Daniel Pedroso.
O manejo de irrigação foi realizado através da plataforma GrownSphere, concebida com sensores de umidade do solo (tensiômetros) e por um controlador, ambos ligados em nuvem. “Através da tensiometria foi possível acompanhar a umidade do solo diariamente, onde o nosso maior objetivo foi manter o solo em capacidade de campo em todo o ciclo do canavial, exceto no período final antes da colheita”, disse o especialista.
Pedroso destaca que esse sistema visa o aumento do açúcar (ATR – açúcares totais recuperáveis). “Nos 30 dias que antecederam a colheita, a cultura passou por um manejo chamado ‘drying off’, com a água sendo retirada gradualmente, levando o canavial ao estresse hídrico controlado, o que provocou elevação do açúcar”, explicou.
Junto à aplicação de água, foi realizada a fertirrigação, onde os nutrientes (NPK) foram adicionados à irrigação durante todo o ciclo da cultura, fornecendo os nutrientes que a planta necessita, no momento adequado. “Além disso, para fornecimento do elemento potássio, foi realizada a aplicação de vinhaça através do gotejamento”, acrescentou o engenheiro agrônomo.
Setor
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o valor bruto da produção (VBP) da cana responde por cerca de 12% do VBP das lavouras e 8% do VBP total no Brasil. Com esses números, o setor sucroalcooleiro responde por 2% do produto interno bruto (PIB) do país.
O Centro-Oeste, segunda região que mais produz cana-de-açúcar, tem a estimativa, para esta safra, de produzir 145,69 milhões de toneladas destinadas ao setor sucroenergético.
Em Mato Grosso, a estimativa da Conab para a safra 2024/25 é de uma área plantada de 199,6 mil hectares, com uma produtividade média de 87,676 ton/ha. A produção estimada para a temporada 2024/25 em Mato Grosso é de 17,5 milhões toneladas, praticamente a mesma que na safra anterior, que somou 17,6 milhões de toneladas.
Na região do Chapadão/Centro-Sul de Mato Grosso, os municípios com as principais áreas de canaviais são Campo Novo do Parecis, Denise, Nova Olímpia e Barra do Bugres. As usinas de álcool e açúcar instaladas na região são a Barralcool (Barra do Bugres), Cooprodia (Campo Novo do Parecis) e Uisa (Nova Olímpia).
Fonte: Enfoque Business