Especialistas e representantes de produtores e empresas avaliam que o montante será maior, mas ainda é incerto o potencial de redução do custo de capital
Enquanto aguarda o lançamento do Plano Safra 24/25, o setor produtivo ainda tem dúvidas sobre as condições que o governo deve anunciar para o crédito rural de agricultores familiares e empresariais. Especialistas e representantes do setor agropecuário ouvidos pela reportagem acreditam que os valores disponíveis vão aumentar, especialmente aqueles sem equalização e a juros livres. A questão é qual o potencial de redução de taxas nas linhas de financiamento.
Os pedidos do setor produtivo são por volume de recursos próximos de R$ 570 bilhões e juros de um dígito, inferiores a 10% ao ano. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tem reiterado que será um novo recorde, portanto, acima dos R$ 435,8 bilhões e com chances de ultrapassar os R$ 500 bilhões. O aumento deverá, novamente, ser gerado pelas fontes de crédito rural sem subvenção de taxas de juros.
As propostas iniciais dos ministérios da Agricultura (R$ 452,3 bilhões) e do Desenvolvimento Agrário (R$ 80 bilhões) somam R$ 532,3 bilhões. A expectativa do governo era lançar o Plano Safra da Agricultura Familiar nesta terça-feira (25/6). Mas a cerimônia foi adiada e a equipe econômica ainda discute os detalhes.
Oficialmente, o Executivo não confirma datas e horários do anúncio das condições de crédito rural nem para os familiares, nem para os médios e grandes produtores e empresários do agronegócio. A expectativa é de que os lançamentos sejam na quarta-feira (26/6) no Palácio do Planalto, em eventos separados.
Entre pessoas do governo que acompanham a elaboração dos planos, a indicação é que “algumas taxas de juros vão cair e o volume de recursos vai aumentar”. No entanto, há quem diga que alíquotas mais baixas, como as do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), entre 4% e 6%, podem não ter muito espaço para recuos expressivos.
Juros x volume de recursos
A redução das taxas de juros é o principal objetivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A Pasta chefiada por Paulo Teixeira quer priorizar a queda no custo de capital a despeito de um aumento volumoso no montante final de recursos disponíveis para o Pronaf. Com isso, é dado como certo que ficará acima dos R$ 71,6 bilhões da safra 2023/24, mas não deve chegar aos R$ 80 bilhões.
De acordo com o orçamento disponível para a equalização, há um “trade off” no governo entre ter juros baixos ou maior volume de recursos. Se decidir cortar mais as alíquotas finais aos produtores, o Tesouro Nacional gasta mais para equalizar a diferença às instituições financeiras, o que diminui o montante final ofertado.
No Ministério da Agricultura, há uma busca por alternativas à falta de espaço fiscal para suplementar o orçamento para equalização de juros. Linhas de crédito privado, como as criadas em conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos últimos meses, permanecem no radar.