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segunda-feira, março 24, 2025
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“A resiliência dos agricultores brasileiros é admirável”, explica Thiago Rocha, presidente da Câmara de Crédito, sobre adaptabilidade dos produtores rurais

O agronegócio brasileiro, apesar de confrontar obstáculos substanciais, permanece como a espinha dorsal da economia nacional. Nesse intricado equilíbrio entre desafios e inovações, os produtores rurais não apenas forjam o destino de suas terras, mas também desempenham um papel preponderante na consolidação da posição do Brasil no cenário global do agronegócio.

Em uma entrevista exclusiva ao Portal Momento MT, Thiago, atual Presidente da Câmara de Crédito do Ministério da Agricultura e Pecuária, esclarece equívocos comuns sobre o crédito rural altamente subsidiado no Brasil. Ao abordar a magnitude do plano safra e suas implicações, Thiago lança luz sobre a complexidade do financiamento agrícola.

Thiago destaca uma diferença fundamental frequentemente negligenciada. “O crédito do produtor rural não é altamente subsidiado como muitos podem pensar. Isso não é uma questão puramente matemática,” afirma ele. Uma análise crítica do plano safra 2023/2024, que anunciou um montante de R$ 364 bilhões para financiamento, revela que esse valor não representa o investimento direto do governo na agropecuária brasileira.

“Esses R$ 364 bilhões não são a quantia que o Tesouro Nacional retira diretamente do seu orçamento para custear a atividade agropecuária. É fundamental compreender que esse valor corresponde ao montante que o produtor pode buscar como empréstimo para investimentos e custeio de suas atividades,” explica Thiago. Essa distinção é crucial para uma análise precisa do papel do governo no apoio ao setor agrícola.

Além disso, Thiago destaca outro ponto fundamental: a taxa de juros fixa estabelecida no plano safra não representa um aporte direto do Tesouro Nacional. “O governo atua para manter a taxa de juros fixa, proporcionando previsibilidade ao produtor. Nos últimos anos, a taxa de juros do plano agrícola tem se mantido acima da Selic, evidenciando a dinâmica complexa do sistema,” ressaltou.

Quando questionado sobre o subsídio real, Rocha aponta para o papel dos bancos na equação. “Quem assume o risco da operação são os bancos, e eles não estão obrigados a realizar atividades antieconômicas. Isso significa que as instituições financeiras avaliam o risco e adotam políticas de crédito condizentes. Se percebem um maior risco, podem exigir garantias mais robustas, como alienação fiduciária do imóvel,” esclarece ele.

Num aprofundamento sobre o cenário de endividamento rural, Thiago Rocha proporciona uma visão abrangente sobre os desafios e oportunidades que permeiam o universo agrícola.

“É como se houvesse uma promessa de suporte, mas na prática, os entraves burocráticos transformam essa promessa em um desafio real, muitas vezes intransponível”, afirma o presidente da Câmara de Crédito do Ministério da Agricultura e Pecuária.

Confrontando os dados alarmantes da Serasa, Rocha destaca um preocupante 28,5% de endividamento rural. Entretanto, ele enfatiza a importância de desmembrar essa estatística complexa: “Está muito alto esse percentual, porque se estivesse desse jeito, nós já teríamos parado de atender, não é?” questiona.

Nesse ponto, o presidente destaca que o endividamento acima de 180 dias, considerado crítico, representa uma fatia menos expressiva, apenas 7,5%, proporcionando um vislumbre de otimismo em meio às adversidades. No emaranhado de impostos e contribuições, os produtores enfrentam obstáculos que vão desde a dificuldade de planejamento até o impacto direto na competitividade internacional.

“A tributação é um campo minado. Não é apenas uma questão de quanto se paga, mas como isso afeta a rentabilidade dos agricultores, colocando-os em desvantagem frente a concorrentes globais”, comentou o presidente.

Rocha destaca a importância da inovação e sustentabilidade como pilares fundamentais para a transformação do agronegócio brasileiro. “Estamos incentivando práticas sustentáveis, não só por uma questão de responsabilidade ambiental, mas também porque a demanda global por produtos sustentáveis está crescendo,” ressalta ele. A Câmara de Crédito, sob sua liderança, está promovendo linhas de financiamento específicas para projetos que adotem práticas sustentáveis.

“A resiliência dos agricultores brasileiros é admirável. Mesmo em face de adversidades, muitos conseguem manter níveis de endividamento abaixo da média nacional, adaptando-se continuamente às condições do mercado”, explica Thiago. Enfrentando tanto as secas quanto o aumento da volatilidade climática, os agricultores brasileiros buscam soluções inovadoras, desde práticas agrícolas sustentáveis até investimentos em tecnologia para mitigar riscos.

“Há uma conexão direta entre a capacidade de inovação e a resiliência. Os produtores que adotam práticas sustentáveis e investem em tecnologia têm uma vantagem significativa”, concluiu.

Um olhar detalhado sobre a ascensão do Brasil como protagonista nas exportações de commodities agrícolas destaca a capacidade do país de capitalizar as oportunidades globais. Adaptação às demandas de mercado, inovação tecnológica e a expansão sustentável da produção são peças-chave nesse quebra-cabeça de competitividade internacional.

A iminente reforma tributária é abordada com prudência por Rocha, que adverte sobre as possíveis implicações no agronegócio. “O cuidado é para que você não tome uma decisão e depois fique muito difícil de contornar ela,” destaca ele. A necessidade de uma abordagem cuidadosa é ressaltada diante das mudanças que podem impactar profundamente o setor.

Ao mergulhar na complexidade do cenário fiscal global, Rocha explana sobre como os produtores brasileiros mantêm a competitividade, destacando a resiliência diante das diferenças nos subsídios estrangeiros. Essa análise detalhada, conduzida por Thiago, oferece uma visão mais precisa e informada sobre o verdadeiro impacto do crédito rural subsidiado no Brasil, desmistificando conceitos comuns e destacando a complexidade subjacente ao sistema de financiamento agrícola. Ele sublinha a importância de se adaptar aos desafios do mercado global, evidenciando a necessidade contínua de inovação e flexibilidade no agronegócio.

Fonte: Serasa
Fonte: Momento MT

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