Emprapa diz que práticas de manejo podem contribuir para o incremento de disponibilidade de água no solo.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Departamento de Gestão de Risco Agropecuária do MAPA propôs a inclusão de indicadores de níveis de manejo de solo na avaliação de risco climático para o cultivo de soja no país.
A proposta prevê a criação de quatro indicadores de níveis de manejo de solo, que podem expressar as respectivas contribuições no suprimento de água às plantas de soja e a consequente redução de riscos nas lavouras.
A intenção é incluir o item na elaboração do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), que indica onde e quando semear a soja para minimizar possibilidades de perdas por eventos meteorológicos adversos. Segundo a empresa, as práticas de manejo podem contribuir para o incremento de disponibilidade de água no solo.
“Entendemos que a qualidade do manejo do solo adotado pelos sojicultores tem enorme potencial em mitigar os riscos de perdas de produtividade por seca, a exemplo das práticas como a adoção plena do Sistema Plantio Direto (SPD)”, explica o pesquisador Henrique Debiasi, da Embrapa Soja, em nota. O assunto foi discutido na reunião de Pesquisa de Soja, em Londrina (PR), nesta semana.
“Nossa proposta é enquadrar as áreas de produção de soja em quatro níveis de manejo (NMs), segundo indicadores e critérios que refletem os impactos das práticas agrícolas sobre características e processos físicos, químicos e biológicos do solo”, diz Debiasi.
Os indicadores de níveis de manejo sugeridos são: a quantidade de anos sem preparo do solo; a porcentagem de cobertura do solo na semeadura da soja; a diversificação de culturas consideradas nos últimos três anos; as condições gerais de fertilidade do solo pela concentração de magnésio e potássio (saturação por bases); e o teor de cálcio e o percentual de saturação por alumínio que revela a probabilidade de ocorrer toxidez de alumínio para as plantas.
O chefe-geral da Embrapa Soja, Renato Farias, disse que a incorporação dos níveis de manejo do solo no Zarc pode gerar maior “fidelidade na representação dos sistemas produtivos, melhor caracterização e quantificação dos riscos hídricos à cultura, valorização dos bons produtores e indução ao uso de boas práticas agrícolas, redução dos riscos e maior estabilidade da produção, contribuindo para a maior sustentabilidade dos sistemas agrícolas”.
A unidade destaca que a manutenção da cobertura do solo e a preservação ou aumento do teor de matéria orgânica se dá com a adoção do sistema de plantio direto, que precisa ser intensificado.
Na região Sul e em Mato Grosso do Sul, a falta de água reduziu a produção de soja em 403 milhões de sacas na safra 2021/22.
Entenda o que é Zoneamento de Risco Climático
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é um estudo agrometeorológico que delimita regiões de produção e épocas de plantio de acordo com suas probabilidades de perda de produção causadas por eventos meteorológicos adversos.
Essas informações podem ser usadas para orientar quais os cultivos viáveis em cada município, o sistema de produção, as melhores datas de plantio, os ciclos mais indicados, a viabilidade e riscos de 2ª ou 3ª safra, práticas de manejo importantes ou indispensáveis e o seguro rural.
Na produção agropecuária:
Mais de 60% da variabilidade na produção é causada por condições meteorológicas adversas como secas, geadas, granizo entre outras. O Zarc indica “o que”, “onde” e “quando” plantar com maiores chances de sucesso. Isso permite que agricultores planejem seus investimentos em níveis de risco economicamente viáveis.
Nos programas de política agrícola:
As informações do Zarc são úteis para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), ao Proagro, ao Seguro da Agricultura Familiar (Seaf) e outros programas que oferecem ao produtor a possibilidade de transferir riscos decorrentes de fenômenos meteorológicos adversos.
Financiadores do Programa
Atualmente os financiadores do Programa ZARC é o Banco Central e o Ministério de Agricultura e Pecuária, por meio do Departamento de Gestão de Risco (DEGER).